Páginas

23 de abr. de 2012

Que minha vida seja um livro digno de ser lido.



Os livros sempre fizeram parte da minha vida. Lembro que meu pai – meu herói – mesmo não possuindo muito estudo, era um consumidor assíduo dos vendedores de enciclopédia; no começo, eu ainda pequenino, não fazia a mínima ideia do motivo pelo qual aquele homem colecionava tantos livros em uma estante, que tomava 50% da grande sala da minha casa. Mesmo não havendo mais espaço ele continuava a comprar e meu questionamento aumentava. Porque ele não abria os livros para ler, nem a minha mãe? – ela, pelo menos, folheava aqueles monumentos de capa dura com imagens esplendorosas – principalmente um de nome: As Plantas que Curam.

Não havia muito que fazer na rua, eu não era dono de bola de futebol e jogava tão mal, que sempre ficava por último na escolha dos amigos, então, preferia não sair de casa para isso, quando ia empinar pipa, passava alguns instantes e era taiado/cortado (como se dizia lá em Mauá), e como não tinha coragem de sair na rua para reclamar os meus direitos, preferia voltar para dentro de casa, acontecia a mesma coisa quando perdia um pião na sela, ou quando perdia minhas bolinhas de gude. Em meio a estes dramas da infância, descobri como eram ricos os livros e como eles eram amigos que não me tiravam nada, só acrescentavam. Passei a ter uma relação diária com eles e ia viajando em cada página, prestando atenção em cada detalhe e arriscando repetir em voz alta os termos mais difíceis – neste tempo também conheci o Aurelião, com quem convivo lado a lado até hoje.

Os anos foram passando e minha biblioteca foi aumentando, lembro até de uma vez que forcei meu pai a comprar uma coleção, ameaçando não parar de chorar nunca mais – ele comprou é claro – o nome da coleção era: Porque? Conheci a as enciclopédias Barsa, Conhecer o Brasil, Conhecer o Universo, Coleção Vaga-Lume e os mais variados autores, pensadores, poetas e filósofos, além de todas as versões de dicionário disponíveis. Por causa disso, meu pai era feliz e minha mãe também, pois os livros me mantinham longe de alguns perigos e eu não ir mal na escola. Todo o esforço do meu pai, começou a ter sentido na minha escolha pelos livros, agora sim eu sabia, foi em prol da minha educação que ele comprou o que não pode receber um dia. Folheando aquelas páginas, vivia dias mágicos, eu conheci o mundo e suas criaturas, nada era impossível para os livros, tão pouco para mim, bastava ler uma página e fechar os olhos, lá estava eu, aonde quisesse estar.


Hoje é o Dia do Livro, pode-se dizer também Dia da Cultura, e eu não poderia deixar passar esta data sem fazer uma homenagem aos meus amigos inseparável, devo o que sou também a eles e por isso seguro-os com minhas mãos todos os dias da minha vida, assim me sinto seguro e motivado a sonhar para concretizar estes sonhos. E ainda que meus amigos venham a se tornar uma tela de computador/tablet/smartphone, quero todos os dias trazê-los diante dos olhos e seguir em frente me espelhando em seus ensinamentos, e acreditando que o melhor há de vir, porque a sabedoria que emana destas páginas infinitas espalhadas pelo mundo, são o meu destino infinito de conhecimento – sei que nada sei, mas com eles posso tudo. Ou não está escrito no mais celebre de todos os livros, que Deus é o Verbo e o Verbo é a Palavra escrita no Livro que tudo fez, inclusive a vida? Para todos os crêem e aos que não crêem, podemos dizer juntos: o Livro é tudo! Deixe-o levar para o infinito. Esta é a história do livro na minha vida; e a sua, qual é?


17 de abr. de 2012

Mudanças Constantes = Inconstância Estratégica


O Facebook (leia) realizou uma nova mudança inusitada e “inavisada” em seu layout; percebi a novidade e mesmo sendo um entusiasta da rede, fiz uma pergunta a mim mesmo, pergunta esta, que penso ter sua hipotética resposta nos recentes acontecimentos do mundo das redes sociais. Intrigou-me - acredito que não estou sozinho - uma mudança no tamanho da foto do perfil pessoal no Facebook de 125x125, para 160x160 (sem contar a moldura), conservando, porém, o tamanho antigo, nas páginas empresariais. Minha pergunta foi a seguinte: porque tanta mudança? Pode ser que o rei das redes sociais, o fenômeno do relacionamento na era digital, desde nascido só viu a prosperidade, mas agora, sente a curva de crescimento diminuir a intensidade habitual e passa a perceber sua saturação, consequentemente, o impacto da concorrência. Mas quem são os ousados concorrentes da maior rede social do mundo e quais os seus atributos para forcá-la a mudar tanto? Resposta fácil: Google+ (leia) e Pinterest (leia) , pois partilham do mesmo modelo estrutural, diferindo apenas em algumas funcionalidades e layout. É claro que todas elas realizam alterações, mas não com tanta frequência como vemos no Facebook, talvez, porque ele tenha que lutar contra todas as outras que chegaram depois, e todas as outras, parecem ter apenas que derrotá-lo. Note-se nesta briga a ausência do microblog Twitter (leia),  pois sem um predador em potencial, pode literalmente, voar livre como um passarinho.

Vamos aos dados dos fatos: o Google Plus desde seu lançamento não havia feito nenhuma grande alteração, até que na semana passada reestruturou o seu layout e aumentou o tamanho de visualização das fotos na página, além disso, importou para dentro de si, depois de uma compra já antiga, o editor de imagens Picnik. O Google+ havia crescido consideravelmente no começo, mas depois estacionou e pode ser, que esta grande reformulação dê a ele novo gás em 2012; será? Já o Pinterest, cresce mais que trepadeira, segundo uma pesquisa, o "alfinetador"  cresceu de maio do ano passado até agora, mais de 2.700%. Dado que está deixando Mark Zuckerberg feio na foto, e tem mais, os usuários do Pinterest navegam mais tempo por lá do que nas outras redes. Ele parece reproduzir a mesma façanha do Facebook no começo. Seu diferencial é o privilegio à imagem, por isso se destacam as "fotografias" de temas como moda, design, arte, cultura e gastronomia (o fetiche dos olhos da geração Y), mas, há alguns dias o Pinterest fechou acordo de parceria com o Vimeo, uma espécie de YouTube (leia) com público sofisticado que promete impulsionar ainda mais a rede, aliando movimento ao que até então era apenas estático.

Diante disso o Facebook tenta não perder espaço aplicando mudanças constantes de layout e funcionalidade, como se quisesse agregar tudo que pode existir em todas as redes sociais juntas. Com mais de 850 milhões de usuários no mundo, mantém seu reinado, porém, cada vez mais lento, às vezes causando insatisfação dos usuários e até polêmicas de privacidade devido a problemas de segurança. Aqui, vale relembrar que as principais atrações de público dos concorrentes do Facebook "privilegiam a imagem", daí entendemos o porquê da capa em forma de banner no mural, da recente mudança de tamanho da foto do perfil citada no início do texto, que por sinal, lembra o tamanho da foto vista através do Instagram no celular. O mesmo Instagram que foi comprado por ele pela bagatela de $1 bilhão. Apesar desta atitude ter causado mal-estar entre os usuários do aplicativo (leia texto anterior), pode ser a melhor saída para O Facebook ficar dentro da briga. Pena, que a constância de mudanças já está causando inconstância na rede mais badalada do mundo, além de constantes alterações nos planejamentos estratégicos das empresas que investem nele. É importânte ressaltar, que o Brasil já é o 3º maior em número de usuários no face.

Por quanto tempo mais seus usuários físicos e jurídicos vão se submeter à volatilidade um tanto egocêntrica de Face Zuckerberg? Seu prazo de relevância estará chegando ao fim, ou sua entrada na bolsa de valores pode equipará-lo ao valor financeiro do Google, permitindo sua entrada em novos mercados? Estas são as perguntas que deixo com vocês, para me ajudarem a entender melhor o que está acontecendo. E como você acompanhou nos links do texto, eu estarei nas redes, então, podemos conversar a respeito em qualquer um desses novos lugares de bate-papo.


13 de abr. de 2012

Discriminação disponível para Download

Acho que sempre foi assim, talvez nunca como hoje, e curiosamente, no tempo em que mais se fala de “não discriminação”. Nunca pensei é que as marcas exerceriam tanto domínio sobre as pessoas, agora são elas mesmas, as marcas, a estabelecer distinções de caráter excludente e discriminatório em nosso relacionamento, e é lógico, rapidamente estas distinções são assumidas pelos usuários, às vezes involuntariamente, mas quase sempre determinando estilo/status de grupos. Carro, moto, roupa, aparelhos tecnológicos e até comida, são os campos onde a discriminação se faz mais presente hoje em dia, como um monstro devorando nossas boas relações, passíveis de fragmentação, até que elas só existam de fato, nos grupos que consomem as mesmas marcas – apogeu do gênero consumista. Mas atualmente, o destaque vai para o mundo tecnológico, seja no computador, notebook, tablet, smartphone e até mesmo, pasmem, num simples aplicativo.

Será que você ainda tem a liberdade de escolher as marcas de sua preferência por aquilo que elas representam enquanto custo benefício, ou você está sendo levado a se submeter ao que a marca ou grupo de amigos escolhe para você? Isto é: se você der a sorte de ser escolhido por alguma delas ou por algum grupo destes!

Este tipo de domínio da marca sobre as pessoas ficou evidente em várias situações que acompanhamos na mídia – você deve lembrar – quando o Facebook ganhou o terreno do Orkut e postavam uma lápide de cemitério com a inscrição: Orkut e sua data de existência; depois quando a Apple ganhou a atenção de todos, tornando-se a marca mais valiosa do mundo, e então, os que possuíam seus aparelhos ficavam extasiados em poder dizer as maravilhas de seus “iAlguma coisa” em detrimento de qualquer outro aparelho,  e há alguns dias, aconteceu o máximo absurdo, quando o Instagram decidiu liberar seu maravilhoso serviço de edição e compartilhamento de fotos – até então, exclusividade do Apple iPhone – para o sistema operacional Android, presente na maioria dos aparelhos de celular atualmente em uso no mercado. Bastou esta decisão da marca, para centenas de usuários ameaçarem sair do tal aplicativo, pois a sua popularização constituía um atentado à exclusividade de seus aparelhos mega caros e à pretensa qualidade de suas fotografias, alegavam (leia também). Para agravar a frustração dos partidários da exclusividade Instagram/iPhone, a rede social mais popular do mundo anuncia a compra do aplicativo e multiplica, literalmente, a indignação.

Mundo louco este, mas este mundo louco é conduzido por malucos que ainda não entenderam que as marcas existem para satisfazer necessidades, encantar clientes e atender desejos, não existem para que nós satisfaçamos os seus caprichos de guerra mercadológica. Pense bem! Somos mais do que as coisas que usamos, portanto, não nos deixemos ser usados pelas coisas que consumimos, ou melhor, não permita que as marcas suscitem em você os piores instintos humanos, que, aliás, fazem vítimas há séculos, mudam-se apenas as circunstâncias e os instrumentos de exclusão, tortura e discriminação. Caso isto não pare, veremos em breve a pior consequência desta competição, será impresso no outro, sobretudo psicologicamente, que ele não é capaz de ser se não tiver isto ou aquilo. E mais, no afã de alguns querendo ser melhores do que os outros, criarão mecanismos e recursos para impedir que o outro tenha acesso ao que julgam lhes definir como pessoas melhores. Aí sim, definitivamente, na era digital teremos a discriminação disponível para Download, e mesmo que seja Free, você deverá passar por uma seleção rigorosa antes de ser admitido.

Este vídeo tem um fundo de verdade e você mesmo pode expandir a reflexão para qualquer marca que traz em seu exercito fundamentalista, aqueles que dão tudo para honrar seu título de evangelizadores de marcas.


                          



8 de abr. de 2012

A Páscoa pede passagem! Cristo, coelho ou ovo?


Páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem em grego Πάσχα).

A curiosidade central da Páscoa comemorada nos tempos atuais, digamos, pós-modernos, não é mais o seu tradicionalismo no campo das celebrações rituais religiosas e sim, os paradoxais contrastes que habitam no mesmo tempo e espaço, ou seja, tudo começou com os Judeus, donde Cristo  provém, porém nos quais Ele não permaneceu, então, aquilo que era de significado Judeu, passou a ser cristão, dado as semelhanças das comemorações judaicas pascais com a trajetória da vida de Cristo (vide Bíblia  e/ou Tora), e mais, Cristo não tem nada haver com “coelhos”, que, aliás, sequer põe “ovos”, quanto mais de “chocolate”. Tudo isso junto e misturado, faz parte da nossa nova sociedade pascal.

Definitivamente estes paradoxais contrastes são a prova cabal de que o sincretismo religioso/cultural/popular é extremamente criativo, dinâmico, ecumênico, cosmopolita, eclético e inovador; não acham? Os sentidos se diluem, se misturam, tomam nova forma e são absorvidos conforme o molde dos recipientes, conforme a personalidade de cada pessoa, que por sua vez, lhes conferem novos valores individuais e por fim, expõem subjetivamente suas interpretações dos conceitos, recomeçando o ciclo das ressignificações.  

Mais criativos ainda, figuram o mercado empresarial e a publicidade, ambos souberam aproveitar a oportunidade de uma realidade que contempla vários significados, e atingir cada vez mais pessoas, relativizando a linguagem como em uma espécie de metamorfose mercadológica simbólica, agradando em todos os gêneros, os plurais desejos – é um tempo muito parecido com o Natal (leia também). Assim, uma espécie de polvo comunicante inebria o povo, e a essência da Páscoa (desfigurada) pede passagem sem nada conseguir, pois à sua frente uma muralha de conceitos distintos torna sua passagem praticamente impossível, impede que ela renove as nossas vidas, nestes 75% de ano que ainda nos resta em 2012.

Então, se a essência deste espírito de Páscoa te alcançar e você decidir renovar a vida, fazendo tudo novo, melhor, a partir de agora, não se preocupe tanto em estabelecer diferenças, pois existe uma possibilidade de chegar ao mesmo objetivo partindo de pontos iniciais distintos. Enfim, não precisamos disputar espaço nesta festa, o que precisamos mesmo é nos unir pelos mesmos objetivos, cada qual na sua fé, ou mesmo sem ela. Digo sem ressalvas, já foi o tempo da disputa, melhor é aproveitar os elementos que nos unem, do que supervalorizar os que nos separam.

Feliz Páscoa aos Judeus, Cristãos e Povão, somos todos uma só especie, humana.