Páscoa (do hebraico Pessach,
significando passagem em grego Πάσχα).
A curiosidade central da Páscoa comemorada nos tempos atuais,
digamos, pós-modernos, não é mais o seu tradicionalismo no campo das
celebrações rituais religiosas e sim, os paradoxais contrastes que habitam no
mesmo tempo e espaço, ou seja, tudo começou com os Judeus,
donde Cristo provém, porém nos quais Ele não permaneceu, então, aquilo que era de
significado Judeu, passou a ser cristão, dado as semelhanças das comemorações
judaicas pascais com a trajetória da vida de Cristo (vide Bíblia e/ou Tora),
e mais, Cristo não tem nada haver com “coelhos”,
que, aliás, sequer põe “ovos”,
quanto mais de “chocolate”. Tudo isso junto e misturado, faz parte da nossa nova
sociedade pascal.
Definitivamente estes paradoxais contrastes são a prova
cabal de que o sincretismo religioso/cultural/popular é extremamente criativo,
dinâmico, ecumênico, cosmopolita, eclético e inovador; não acham? Os sentidos
se diluem, se misturam, tomam nova forma e são absorvidos conforme o molde dos
recipientes, conforme a personalidade de cada pessoa, que por sua vez, lhes
conferem novos valores individuais e por fim, expõem subjetivamente suas
interpretações dos conceitos, recomeçando o ciclo das ressignificações.
Mais criativos ainda, figuram o mercado empresarial e a
publicidade, ambos souberam aproveitar a oportunidade de uma realidade que contempla vários significados, e atingir cada vez mais pessoas, relativizando a
linguagem como em uma espécie de metamorfose mercadológica simbólica,
agradando em todos os gêneros, os plurais desejos – é um tempo muito parecido
com o Natal (leia também).
Assim, uma espécie de polvo comunicante inebria o povo, e a essência da Páscoa (desfigurada) pede passagem sem nada conseguir, pois à sua frente uma muralha de conceitos distintos torna sua passagem praticamente impossível, impede que ela renove as nossas vidas, nestes 75% de ano que
ainda nos resta em 2012.
Então, se a essência deste espírito de Páscoa te alcançar e você decidir renovar a vida, fazendo tudo novo, melhor, a partir de
agora, não se preocupe tanto em estabelecer diferenças, pois existe uma
possibilidade de chegar ao mesmo objetivo partindo de pontos iniciais distintos. Enfim, não precisamos disputar espaço nesta festa, o que
precisamos mesmo é nos unir pelos mesmos objetivos, cada qual na sua fé, ou
mesmo sem ela. Digo sem ressalvas, já foi o tempo da disputa, melhor é
aproveitar os elementos que nos unem, do que supervalorizar os que nos separam.
Feliz Páscoa aos Judeus, Cristãos e Povão, somos todos uma
só especie, humana.
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