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19 de out. de 2012

Um parafuso solto e dois amigos muito loucos.


Como toda noite, após minhas aulas, e depois de passar pra pegar a namorada na faculdade, lá vinha eu pela Avenida 23 de maio, na velocidade máxima de 70 km/h, de repente, chega a curva à direita que dá acesso à Radial Leste. Reduzo a velocidade...50, depois 40, e pronto, preparado pra fazer a curva como manda o figurino, mas, ao completar a curva, bem embaixo de uma ponte, PLAFT!

Este foi mais ou menos o barulho que fez a roda esquerda do meu poisé 2003, travando tudo que se chama movimento – começava ali, às 22h45min do dia 18 de outubro de 2012, o acidente do parafuso quebrado, que revelaria dois novos amigos e o companheirismo de uma mulher, que hoje faz toda a diferença em minha vida.

Bom, preciso relatar os principais fatos, para que todos saibam como se deu o desenrolar do problema, até a sua solução.

O primeiro pensamento da namorada foi: jogaram uma pedra na frente do carro para nos roubar. Claro que isso não foi verbalizado, acredito que devido ao medo do pensamento se concretizar. Eu, estava assustado, querendo me apavorar, e ao mesmo tempo, devendo a ela uma postura equilibrada. Pensei. Parei com a agitação interior. Decidi descer do carro...mas, a porta do meu lado não abria...@#$%&*, saí pela janela, coloquei o triângulo a 10 metros do carro e enfim, liguei para o serviço de guincho...

Se deu certo? Quem me dera. Deu tudo errado e por quase uma hora, fiquei ali no frio, com medo de um assalto e com pena da namorada. Então falei pra ela: pega um taxi e vai pra casa. Fiquei com medo dela aceitar rs; Ufa! Ela disse: não vou te deixar sozinho. Como foi gostoso ter certeza que teria alguém ao meu lado naquele tormento.

Após ter passado muita raiva e ter sido extorquido pela empresa Car System, fui informado da não cobertura de guincho para casos de problema na suspensão. Pois seria necessário um guincho especial e eu teria que desembolsar uma grana, equivalente ao dobro do valor pago pelo serviço de guincho durante todo o ano – revolta – indignação, discussão por telefone e a hora passando, o medo aumentando, o frio também; sem contar os carros freando em cima do triângulo, pois eu estava parado bem na curva.

Tudo bem! Eu vou pagar o que vocês querem; pode ser no débito ou crédito? Respondeu o famigerado atendente: "NÃO! O serviço de guincho não aceita cartão". Ou seja, eu deveria andar com cerca de R$ 300,00 no bolso para o caso de um acidente desta natureza – absurdo!

Neste momento, surge a salvação inesperada. Um motorista de guincho por acaso passou e perguntou: precisa de ajuda? SIM, eu disse. Ele parou, conversamos rápido, e em 10 minutos já estávamos seguindo para uma mecânica de um amigo dele, que atende quase 24 horas por dia. O nome do motorista é Ricardo, que nos alertou: "o Carlão da mecânica tem a cara fechada, mas é gente boa".

Chegamos lá. Desceu o carro. O tal do Carlão nem me deu boa noite e já começou a fuçar no carro, fiquei preocupado e pensei: que cara estranho, nem perguntou nada, nem cumprimentou, mas enfim, fiquei quieto, claro, eu estava em apuros – era 00h20min.

Foi quando do mais profundo silêncio surge a voz do Carlão, dizendo: "uma vez aconteceu isso comigo na praia e tem mais, você reza?" Respondi: sim, eu rezo. Então de graças a Deus, porque se você estivesse a 100 km/h, não estaria aqui pra concertar seu carro.

A partir destas palavras, tudo naquela noite fez sentido, até as dificuldades que se somaram ao acidente. Percebi logo que ali havia um homem inteligente, profissional e espiritual. Começou a falar um monte, brincar, acalmar a gente. Trabalhava intensamente para resolver o problema do parafuso quebrado. Até comida ele nos serviu. Depois de duas horas de trabalho ele disse: "vai em paz, bom retorno para casa".

Estes dois profissionais, o Ricardo do guincho e o Carlão da mecânica, além de me edificarem como pessoa e ajudarem no resgate de diversos valores humanos, cobraram juntos, menos do que o desgraçado serviço já pago de guincho queria me cobrar, apenas para levar o carro até a garagem da minha casa, sem nenhum outro serviço adicional.

Chegamos em casa quase quatro horas da madrugada, mas o parafuso que se soltou, permitindo conhecer estas duas pessoas, transformou uma noite que tinha tudo para nunca mais ser lembrada, em uma noite para nunca mais ser esquecida, com louvor a Deus.

Para muitos pode ser uma história boba, mas para mim foi um resgate de muitos valores. E eu devia esta propaganda a eles, com uma declaração a ela rs.

O modelo de rua que desfilou na internet.


Tudo começou na última terça-feira, 16 de outubro, quando Rafael Nunes da Silva abordou Indy Zanardo e fez o seguinte pedido desconexo: “tire uma foto minha que eu quero ficar famoso no rádio.” Ele é inteligente e parecia já ter percebido o comportamento característico da frenética vida moderna, do qual fazemos parte e sequer nos damos conta disso. Ou seja, ao pedir uma foto que repercutisse no rádio, ele afirmava duas coisas que fazem parte do nosso cotidiano.

A primeira é que vivemos num mundo onde a comunicação é multiplataforma, então, basta você fazer parte de uma mídia, para em pouco tempo repercutir em todas elas. E a segunda coisa, que infelizmente não se constitui um avanço, mas um regresso, é que atualmente a vida real precisa se tornar conteúdo virtual para aparecer aos nossos olhos.

Afinal, quantas crianças, adolescentes, adultos e idosos, sofrem do mesmo problema trágico de Rafael Nunes e não são repercutidos com tanto sucesso? Claro, eles não têm o padrão de beleza estética que causa a admiração dos nossos olhares, viciados em selecionar as pessoas pelas aparências e não pela importância humana. Não me excluo disso e não quero generalizar, mas somos todos, ou pelo menos a maioria, vítimas dos condicionamentos impostos pela própria mídia que repercutiu o modelo de rua, porém, não consegue repercutir eficazmente o modelo da verdadeira vida nas ruas.

Quer ver como eu não estou exagerando? Qual foi o primeiro pensamento que veio à cabeça das pessoas? Ah...isto tem cheiro de estratégia de marketing; isto é mais um viral de marca na internet; olha outra propaganda aí; e mais que isso, teve até o oportunismo de uma marca que pegou carona na fama de quem não tem grana, pra ver se ganhava algum retorno de engajamento (ROE). Eles apagaram a postagem, mas eu já havia printado a tela do pretenso marketing de emboscada da Barbearia Clube.

Clique na imagem para ampliar.

Enfim, o que podemos aprender com tudo isso? Podemos aprender que vale a pena de vez em quando, tirar os olhos das telas dos computadores de mesa, de colo e de mão, para dar uma espiada em volta. Quem sabe encontramos mais Rafaeis que queiram ser fotografados e popularizados, pra ver se a gente enxerga a realidade. Tudo bem que os familiares do ex-modelo relatam nas matérias dos jornais, o fato de ele “não querer” sair das ruas (como se atualmente ele conseguisse decidir por algo em sã consciência) e dizem ainda: “das várias vezes que foi internado, nenhuma durou mais que dez dias”, porém, existem muitos outros que querem ser ajudados, e estes, ainda estão sem likes, comentários ou compartilhamentos.

É como falei na conversa com minha prima,  Clau Boaventura, antes de escrever este texto: "Se a beleza de Rafael Nunes da Silva servir para reacender uma discussão que leve a alguma solução, tá valendo a grande repercussão." 

Talvez você entenda melhor meu interesse pelo caso, ao ler também o texto: QUEM.

(Sobre as milhares de meninas e mulheres que se ligaram mais na beleza dele do que na realidade dramática deste problema social, esta é uma grande oportunidade para repensar o lugar da procura do pretenso homem dos sonhos rs.)

6 de set. de 2012

Insisto, o problema é a memória eterna.


Nas redes sociais como em qualquer outro veículo de comunicação, tudo o que se escreve, lê, fala ou cala, curte, posta, baixa, cadastra ou gesticula, reflete o que as pessoas são, pretendem ser, ou esperam que as outras pessoas sejam no dia a dia.

Seja uma conversa entre amigos ou uma negociação entre marcas. Um desabafo indignado ou uma alegria compartilhada. Um comentário fútil, impensado ou uma reflexão profunda sobre a vida em sociedade. Como todas são formas de comunicação, óbvio que sempre há alguém recebendo esta informação, ou seja, quem a produz, emite algo a um receptor que entende ou não.

Calma, não vou entrar em detalhes de português, linguagem ou teorias da comunicação. Apenas quero ressaltar que não apenas na internet, mas em todo  lugar e a todo tempo você está sendo visto, filmado, fotografado. Não somos visíveis apenas a quem nos interessa. Portanto, ninguém está privado da temerária exposição pessoal perante o(s) outro(s).   

Se isto é verdade, porque então a discussão sobre a privacidade ganha relevância extrema apenas na internet, principalmente nas redes sociais?

Insisto. Em todo lugar estamos expostos, em uns mais, em outros menos, mas sempre expostos. A única diferença das redes, ou o único problema, é a memória eternética. Traduzindo: a memória “eterna” na “internet” que não conhece a “ética”. Ela conhece apenas o on-off. Você é responsável pelo que faz.

Quer dizer que a privacidade na rede mundial de computadores e nas modernas redes sociais é relativa? Sim. Pense nestas situações: Quem sai nas ruas com uma redoma insulfilmada e libera sua visibilidade só quando quer? Em uma conversa de boteco, quem está preocupado se alguém está ouvindo ou se tem câmeras filmando seu comportamento? Ao entrar no ônibus, no elevador, no Trem ou no Metrô, como evitar o tempo inteiro que todos te vejam?

Cada um reflete nas redes o que é na vida cotidiana. Claro que existem exceções de pessoas que se assemelham a propaganda de fast-food. Anunciam uma imagem, mas quando o consumidor recebe o produto fica frustrado com a diferença (tipo foto de hambúrguer envolvente, com realidade deprimente). Nestes casos, surge a constatação: as imagens e palavras do pseudo-perfil pessoal online, ou simplesmente fake, revelam a real vida medíocre do indivíduo. Mas exceções à parte, qual o problema de ser visto, ouvido, lido, etc., por quem está à sua volta?

Absolutamente nenhum. Insisto, o problema é que, diferentemente da vida real, a memória no mundo virtual nunca esquece nada. Um pequeno tropeço na rua que geraria alguns risos sarcásticos; um desabafo do qual você se arrepende cinco minutos depois; uma estratégia mal elaborada ou uma ação precipitada. Na vida real durariam alguns instantes, horas, dias, meses, no máximo anos de chacotas, punições e prejuízos, já na esfera digital, tudo isto fica eternizado.

Não adianta cancelar a conta, alguém já viu, compartilhou, salvou e você se danou. Ah, eu fui inocente! Inocente sim, mas muito útil aos fofoqueiros de plantão.

Por isso, a preocupação deve ser mais com o que podemos fazer a nosso favor, do que com o que podem fazer contra nós. Enfim, se você têm dúvidas de que a sua informação, do jeito que você pretende transmitir, considerando todos que podem ver, não pode ser dita em praça pública, cuidado. Pois algo de muito ruim pode seguir a sua vida para sempre. E como um vírus assintomático, aparece, some e reaparece quando você menos espera, matando seus esforços para construir uma imagem impecável.

Insisto, a internet não esquece nada. 
Mas você pode fazer com que ela só se lembre de coisas boas, ou no mínimo, coisas que comunicam a favor da sua vida pessoal, social e profissional.

Você é a sua privacidade
Não transfira esta responsabilidade a quem só recebe o que você dá.

Atenção: a opinião expressa neste texto não significa que o autor pensa que não devam existir leis para o mundo online, aliás, somos uma sociedade virtual, com consequências reais e eu estou falando de conduta pessoal autodefensiva, não de crimes cometidos por mal intencionados.

Boa sorte.


3 de set. de 2012

Vou embora e volto quando eu quero.


Há algum tempo perdi o medo da desaprovação dos meus atos e palavras, porém, isto não significa uma chancela para atitudes que ofendam os outros, ainda que posteriormente justificadas com a expressão: “Ah, eu não ligo para o que os outros dizem.” Se hoje não dependo mais da aprovação alheia, não é porque isto não importa em nenhum aspecto, apenas não pauta minhas decisões (não faz mais o coração bater rápido ou lento). Mas quem pode negar que um elogio exalta e que um parecer negativo gera a repentina bad impression?

Claro que isto também não vale para todos, há aprovações que não são aprovações das quais se dependa, mas opiniões das quais surgem novas motivações. São as pessoas que amamos; e mais do que isso, são as opiniões das pessoas que temos certeza que nos amam. Destas sim, não quero aprovações, quero mesmo é obter inspirações, e neste caso, vale até a oposição.

Mas porque estou falando deste assunto depois de tanto tempo sem escrever? Simples, tanto quanto me livrei da necessidade de aprovação, não quero mais estar preso à cobrança imposta por um compromisso que na verdade não existe. Quando percebi que garimpava temas para preencher espaços virtuais, e com isso, surgia dentro de mim uma ânsia pela adesão do outro lado, comecei a crer que mais sentido teria em minhas palavras se elas não dependessem de nada nem de ninguém para existirem. Fosse aqui ou ali, fosse para este ou aquele.

Pior ainda, quando comecei a perceber que precisava atenuar a gravidade de algumas palavras ditas dentro de certo contexto, porque este ou aquele teria este ou aquele sentimento...enfim, percebi que não pode haver limite na expressão, pelo menos para mim não pode haver autocensura. Ou defendemos a nossa plena liberdade que garanta a liberdade alheia como o outro a entende, ou será sempre uma nossa jaula de prazer pessoal à qual damos o nome de liberdade; e isto, claro, se quem nos interessa está do nosso lado da grade.

Quando notei sentido comprovado nisso, passei também a perceber que somente algumas coisas são infinitas: Deus (pra quem crê), o Amor (pra quem vive), o Universo (pra quem pesquisa), os Números (pra quem calcula) e as Palavras (pra quem escreve). Consequentemente, quando cada um no seu quadrado faz o que sabe e o quer com Amor, não pode haver limite, pois não pode haver esquadro que limite o amor, mutilando suas possibilidades infinitas.  

Portanto, escrevo por que amo escrever, aliás, ganho a vida com isso, escrevo por que preciso por pra fora, mesmo assim, vou embora e volto quando eu quero. Por isso me identifico nesta frase: “...escrevo para nada e para ninguém, quem me ler será por conta própria e auto-risco”, da banalizada Clarice das redes. Ao mesmo tempo, fico imensamente grato pelas pessoas que me leem e por aqueles que cobram que eu escreva, pena que eu não me cobro mais e nem preciso de aprovações alheias.

Já me livrei.

Quando volto aqui pra deixar combinações infinitas de palavras controversas, mesmo que sejam críticas, é porque alguém que amo e que me ama, inspirou-me a escrever. Então, tudo tem sentido, cada coisa me importa. 

20 de jul. de 2012

O oportuno Dia do Amigo.


É possível haver unidade na diversidade, pois existe a amizade para transpor todas as diferenças e criar a harmonia de uma única realidade - a convivência alegre da vida entre amigos. 

Hoje é o dia oportuno para voltar a escrever no meu blog, pois é o Dia do Amigo. Neste dia lembro as pessoas que passaram pela minha vida, e se hoje, algumas não estão mais comigo, seja porque passaram desta pra melhor – que Deus o tenha – ou porque perdemos o contato, nada impede que eu exponha meu sentimento de alegria ao me dirigir a quem ainda está presente e que me dá tantas alegrias.

Com os amigos eu aprendi a ser feliz sem preocupações exageradas, já que amigos de verdade permanecem quando descobrem suas fragilidades. Os amigos estão presentes nos melhores e piores momentos, partilhando fatos que duplicam a alegria e dividem o sofrimento. Mas nada é mais valioso do que observar com gratidão, o quão diferentes são entre si os amigos do mesmo círculo de amizade.

Houve tempo em que me suportaram, houve tempo em que os suportei. Aprendi, multipliquei, dividi, cai e levantei, sempre com meus amigos. Afinal, amigos não são apenas aqueles que conhecemos ao longo da vida, mas também são os consanguíneos membros da família. Porém, com toda a riqueza que existe na amizade sincera e verdadeira, percebemos uma decadência do contato entre amigos, muitas vezes justificado erroneamente pela correria do dia a dia.

Por isso, para que o cotidiano não roube de você a melhor coisa da vida, pense sempre em valorizar aqueles que você tem e fazer novas amizades para ser ainda mais feliz. Já dizia Vinícius de Moraes: Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Então, seja verdadeiramente amigo de todos os que o cercam, para que também os seus amores sejam amigos, e assim, bastará pensar que perdê-los te enlouquecerá, para ir até às últimas consequências na luta pela fidelidade e harmonia, construindo uma convivência que gera unidade na diversidade.

Este dia é a uma oportunidade de reconciliar, recuperar, lapidar, conversar e ser feliz. Ligue, escreva, exponha seus sentimentos. Seja livre, feliz e autêntico. Um amigo de verdade é pra toda vida, desde que você não se iluda que ele(a) seja perfeito. E lembre-se, a única certeza é que um dia ele te decepcionará. Você um dia o decepcionará também. Mas, se forem mesmo amigos, não há com o que se preocupar. FELIZ DIA DO AMIGO!


23 de abr. de 2012

Que minha vida seja um livro digno de ser lido.



Os livros sempre fizeram parte da minha vida. Lembro que meu pai – meu herói – mesmo não possuindo muito estudo, era um consumidor assíduo dos vendedores de enciclopédia; no começo, eu ainda pequenino, não fazia a mínima ideia do motivo pelo qual aquele homem colecionava tantos livros em uma estante, que tomava 50% da grande sala da minha casa. Mesmo não havendo mais espaço ele continuava a comprar e meu questionamento aumentava. Porque ele não abria os livros para ler, nem a minha mãe? – ela, pelo menos, folheava aqueles monumentos de capa dura com imagens esplendorosas – principalmente um de nome: As Plantas que Curam.

Não havia muito que fazer na rua, eu não era dono de bola de futebol e jogava tão mal, que sempre ficava por último na escolha dos amigos, então, preferia não sair de casa para isso, quando ia empinar pipa, passava alguns instantes e era taiado/cortado (como se dizia lá em Mauá), e como não tinha coragem de sair na rua para reclamar os meus direitos, preferia voltar para dentro de casa, acontecia a mesma coisa quando perdia um pião na sela, ou quando perdia minhas bolinhas de gude. Em meio a estes dramas da infância, descobri como eram ricos os livros e como eles eram amigos que não me tiravam nada, só acrescentavam. Passei a ter uma relação diária com eles e ia viajando em cada página, prestando atenção em cada detalhe e arriscando repetir em voz alta os termos mais difíceis – neste tempo também conheci o Aurelião, com quem convivo lado a lado até hoje.

Os anos foram passando e minha biblioteca foi aumentando, lembro até de uma vez que forcei meu pai a comprar uma coleção, ameaçando não parar de chorar nunca mais – ele comprou é claro – o nome da coleção era: Porque? Conheci a as enciclopédias Barsa, Conhecer o Brasil, Conhecer o Universo, Coleção Vaga-Lume e os mais variados autores, pensadores, poetas e filósofos, além de todas as versões de dicionário disponíveis. Por causa disso, meu pai era feliz e minha mãe também, pois os livros me mantinham longe de alguns perigos e eu não ir mal na escola. Todo o esforço do meu pai, começou a ter sentido na minha escolha pelos livros, agora sim eu sabia, foi em prol da minha educação que ele comprou o que não pode receber um dia. Folheando aquelas páginas, vivia dias mágicos, eu conheci o mundo e suas criaturas, nada era impossível para os livros, tão pouco para mim, bastava ler uma página e fechar os olhos, lá estava eu, aonde quisesse estar.


Hoje é o Dia do Livro, pode-se dizer também Dia da Cultura, e eu não poderia deixar passar esta data sem fazer uma homenagem aos meus amigos inseparável, devo o que sou também a eles e por isso seguro-os com minhas mãos todos os dias da minha vida, assim me sinto seguro e motivado a sonhar para concretizar estes sonhos. E ainda que meus amigos venham a se tornar uma tela de computador/tablet/smartphone, quero todos os dias trazê-los diante dos olhos e seguir em frente me espelhando em seus ensinamentos, e acreditando que o melhor há de vir, porque a sabedoria que emana destas páginas infinitas espalhadas pelo mundo, são o meu destino infinito de conhecimento – sei que nada sei, mas com eles posso tudo. Ou não está escrito no mais celebre de todos os livros, que Deus é o Verbo e o Verbo é a Palavra escrita no Livro que tudo fez, inclusive a vida? Para todos os crêem e aos que não crêem, podemos dizer juntos: o Livro é tudo! Deixe-o levar para o infinito. Esta é a história do livro na minha vida; e a sua, qual é?


17 de abr. de 2012

Mudanças Constantes = Inconstância Estratégica


O Facebook (leia) realizou uma nova mudança inusitada e “inavisada” em seu layout; percebi a novidade e mesmo sendo um entusiasta da rede, fiz uma pergunta a mim mesmo, pergunta esta, que penso ter sua hipotética resposta nos recentes acontecimentos do mundo das redes sociais. Intrigou-me - acredito que não estou sozinho - uma mudança no tamanho da foto do perfil pessoal no Facebook de 125x125, para 160x160 (sem contar a moldura), conservando, porém, o tamanho antigo, nas páginas empresariais. Minha pergunta foi a seguinte: porque tanta mudança? Pode ser que o rei das redes sociais, o fenômeno do relacionamento na era digital, desde nascido só viu a prosperidade, mas agora, sente a curva de crescimento diminuir a intensidade habitual e passa a perceber sua saturação, consequentemente, o impacto da concorrência. Mas quem são os ousados concorrentes da maior rede social do mundo e quais os seus atributos para forcá-la a mudar tanto? Resposta fácil: Google+ (leia) e Pinterest (leia) , pois partilham do mesmo modelo estrutural, diferindo apenas em algumas funcionalidades e layout. É claro que todas elas realizam alterações, mas não com tanta frequência como vemos no Facebook, talvez, porque ele tenha que lutar contra todas as outras que chegaram depois, e todas as outras, parecem ter apenas que derrotá-lo. Note-se nesta briga a ausência do microblog Twitter (leia),  pois sem um predador em potencial, pode literalmente, voar livre como um passarinho.

Vamos aos dados dos fatos: o Google Plus desde seu lançamento não havia feito nenhuma grande alteração, até que na semana passada reestruturou o seu layout e aumentou o tamanho de visualização das fotos na página, além disso, importou para dentro de si, depois de uma compra já antiga, o editor de imagens Picnik. O Google+ havia crescido consideravelmente no começo, mas depois estacionou e pode ser, que esta grande reformulação dê a ele novo gás em 2012; será? Já o Pinterest, cresce mais que trepadeira, segundo uma pesquisa, o "alfinetador"  cresceu de maio do ano passado até agora, mais de 2.700%. Dado que está deixando Mark Zuckerberg feio na foto, e tem mais, os usuários do Pinterest navegam mais tempo por lá do que nas outras redes. Ele parece reproduzir a mesma façanha do Facebook no começo. Seu diferencial é o privilegio à imagem, por isso se destacam as "fotografias" de temas como moda, design, arte, cultura e gastronomia (o fetiche dos olhos da geração Y), mas, há alguns dias o Pinterest fechou acordo de parceria com o Vimeo, uma espécie de YouTube (leia) com público sofisticado que promete impulsionar ainda mais a rede, aliando movimento ao que até então era apenas estático.

Diante disso o Facebook tenta não perder espaço aplicando mudanças constantes de layout e funcionalidade, como se quisesse agregar tudo que pode existir em todas as redes sociais juntas. Com mais de 850 milhões de usuários no mundo, mantém seu reinado, porém, cada vez mais lento, às vezes causando insatisfação dos usuários e até polêmicas de privacidade devido a problemas de segurança. Aqui, vale relembrar que as principais atrações de público dos concorrentes do Facebook "privilegiam a imagem", daí entendemos o porquê da capa em forma de banner no mural, da recente mudança de tamanho da foto do perfil citada no início do texto, que por sinal, lembra o tamanho da foto vista através do Instagram no celular. O mesmo Instagram que foi comprado por ele pela bagatela de $1 bilhão. Apesar desta atitude ter causado mal-estar entre os usuários do aplicativo (leia texto anterior), pode ser a melhor saída para O Facebook ficar dentro da briga. Pena, que a constância de mudanças já está causando inconstância na rede mais badalada do mundo, além de constantes alterações nos planejamentos estratégicos das empresas que investem nele. É importânte ressaltar, que o Brasil já é o 3º maior em número de usuários no face.

Por quanto tempo mais seus usuários físicos e jurídicos vão se submeter à volatilidade um tanto egocêntrica de Face Zuckerberg? Seu prazo de relevância estará chegando ao fim, ou sua entrada na bolsa de valores pode equipará-lo ao valor financeiro do Google, permitindo sua entrada em novos mercados? Estas são as perguntas que deixo com vocês, para me ajudarem a entender melhor o que está acontecendo. E como você acompanhou nos links do texto, eu estarei nas redes, então, podemos conversar a respeito em qualquer um desses novos lugares de bate-papo.


13 de abr. de 2012

Discriminação disponível para Download

Acho que sempre foi assim, talvez nunca como hoje, e curiosamente, no tempo em que mais se fala de “não discriminação”. Nunca pensei é que as marcas exerceriam tanto domínio sobre as pessoas, agora são elas mesmas, as marcas, a estabelecer distinções de caráter excludente e discriminatório em nosso relacionamento, e é lógico, rapidamente estas distinções são assumidas pelos usuários, às vezes involuntariamente, mas quase sempre determinando estilo/status de grupos. Carro, moto, roupa, aparelhos tecnológicos e até comida, são os campos onde a discriminação se faz mais presente hoje em dia, como um monstro devorando nossas boas relações, passíveis de fragmentação, até que elas só existam de fato, nos grupos que consomem as mesmas marcas – apogeu do gênero consumista. Mas atualmente, o destaque vai para o mundo tecnológico, seja no computador, notebook, tablet, smartphone e até mesmo, pasmem, num simples aplicativo.

Será que você ainda tem a liberdade de escolher as marcas de sua preferência por aquilo que elas representam enquanto custo benefício, ou você está sendo levado a se submeter ao que a marca ou grupo de amigos escolhe para você? Isto é: se você der a sorte de ser escolhido por alguma delas ou por algum grupo destes!

Este tipo de domínio da marca sobre as pessoas ficou evidente em várias situações que acompanhamos na mídia – você deve lembrar – quando o Facebook ganhou o terreno do Orkut e postavam uma lápide de cemitério com a inscrição: Orkut e sua data de existência; depois quando a Apple ganhou a atenção de todos, tornando-se a marca mais valiosa do mundo, e então, os que possuíam seus aparelhos ficavam extasiados em poder dizer as maravilhas de seus “iAlguma coisa” em detrimento de qualquer outro aparelho,  e há alguns dias, aconteceu o máximo absurdo, quando o Instagram decidiu liberar seu maravilhoso serviço de edição e compartilhamento de fotos – até então, exclusividade do Apple iPhone – para o sistema operacional Android, presente na maioria dos aparelhos de celular atualmente em uso no mercado. Bastou esta decisão da marca, para centenas de usuários ameaçarem sair do tal aplicativo, pois a sua popularização constituía um atentado à exclusividade de seus aparelhos mega caros e à pretensa qualidade de suas fotografias, alegavam (leia também). Para agravar a frustração dos partidários da exclusividade Instagram/iPhone, a rede social mais popular do mundo anuncia a compra do aplicativo e multiplica, literalmente, a indignação.

Mundo louco este, mas este mundo louco é conduzido por malucos que ainda não entenderam que as marcas existem para satisfazer necessidades, encantar clientes e atender desejos, não existem para que nós satisfaçamos os seus caprichos de guerra mercadológica. Pense bem! Somos mais do que as coisas que usamos, portanto, não nos deixemos ser usados pelas coisas que consumimos, ou melhor, não permita que as marcas suscitem em você os piores instintos humanos, que, aliás, fazem vítimas há séculos, mudam-se apenas as circunstâncias e os instrumentos de exclusão, tortura e discriminação. Caso isto não pare, veremos em breve a pior consequência desta competição, será impresso no outro, sobretudo psicologicamente, que ele não é capaz de ser se não tiver isto ou aquilo. E mais, no afã de alguns querendo ser melhores do que os outros, criarão mecanismos e recursos para impedir que o outro tenha acesso ao que julgam lhes definir como pessoas melhores. Aí sim, definitivamente, na era digital teremos a discriminação disponível para Download, e mesmo que seja Free, você deverá passar por uma seleção rigorosa antes de ser admitido.

Este vídeo tem um fundo de verdade e você mesmo pode expandir a reflexão para qualquer marca que traz em seu exercito fundamentalista, aqueles que dão tudo para honrar seu título de evangelizadores de marcas.


                          



8 de abr. de 2012

A Páscoa pede passagem! Cristo, coelho ou ovo?


Páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem em grego Πάσχα).

A curiosidade central da Páscoa comemorada nos tempos atuais, digamos, pós-modernos, não é mais o seu tradicionalismo no campo das celebrações rituais religiosas e sim, os paradoxais contrastes que habitam no mesmo tempo e espaço, ou seja, tudo começou com os Judeus, donde Cristo  provém, porém nos quais Ele não permaneceu, então, aquilo que era de significado Judeu, passou a ser cristão, dado as semelhanças das comemorações judaicas pascais com a trajetória da vida de Cristo (vide Bíblia  e/ou Tora), e mais, Cristo não tem nada haver com “coelhos”, que, aliás, sequer põe “ovos”, quanto mais de “chocolate”. Tudo isso junto e misturado, faz parte da nossa nova sociedade pascal.

Definitivamente estes paradoxais contrastes são a prova cabal de que o sincretismo religioso/cultural/popular é extremamente criativo, dinâmico, ecumênico, cosmopolita, eclético e inovador; não acham? Os sentidos se diluem, se misturam, tomam nova forma e são absorvidos conforme o molde dos recipientes, conforme a personalidade de cada pessoa, que por sua vez, lhes conferem novos valores individuais e por fim, expõem subjetivamente suas interpretações dos conceitos, recomeçando o ciclo das ressignificações.  

Mais criativos ainda, figuram o mercado empresarial e a publicidade, ambos souberam aproveitar a oportunidade de uma realidade que contempla vários significados, e atingir cada vez mais pessoas, relativizando a linguagem como em uma espécie de metamorfose mercadológica simbólica, agradando em todos os gêneros, os plurais desejos – é um tempo muito parecido com o Natal (leia também). Assim, uma espécie de polvo comunicante inebria o povo, e a essência da Páscoa (desfigurada) pede passagem sem nada conseguir, pois à sua frente uma muralha de conceitos distintos torna sua passagem praticamente impossível, impede que ela renove as nossas vidas, nestes 75% de ano que ainda nos resta em 2012.

Então, se a essência deste espírito de Páscoa te alcançar e você decidir renovar a vida, fazendo tudo novo, melhor, a partir de agora, não se preocupe tanto em estabelecer diferenças, pois existe uma possibilidade de chegar ao mesmo objetivo partindo de pontos iniciais distintos. Enfim, não precisamos disputar espaço nesta festa, o que precisamos mesmo é nos unir pelos mesmos objetivos, cada qual na sua fé, ou mesmo sem ela. Digo sem ressalvas, já foi o tempo da disputa, melhor é aproveitar os elementos que nos unem, do que supervalorizar os que nos separam.

Feliz Páscoa aos Judeus, Cristãos e Povão, somos todos uma só especie, humana.


31 de mar. de 2012

Como um Hezbollah da bola, matam em nome de FuteBaal.

Se eu não começar este texto dizendo o quanto gosto de futebol e até de jogar nas raras vezes que consigo isto entre amigos, poderão pensar quiçá dizer, que sou um rebelde sem causa contra a paixão da nação. Então eu afirmo: não sou um anti-cultura, tão pouco um crítico gratuito; não! Sou apenas um indignado querendo ir ao estádio com a namorada, humanamente tremendo de medo e acuado. Por isso, sigo curtindo futebol na sala, com meu grande pai ao lado e pipoca no colo, quase sempre calado, pois o vizinho pode ser um fanático.

Cada vez mais o futebol é a causa de uma espécie de neo-fundamentalismo, sobretudo por parte de torcedores desequilibrados, porém nada loucos - pelo contrário - todos bem conscientes em seus planejamentos de combate. E como se não bastasse, agora também são favorecidos pelos meios digitais tão mal vigiados. Lá, nas redes, eles arquitetam suas táticas de guerrilha e não são postos atrás das grades pelos crimes cometidos, seguem navegando livremente no mar universal da impunidade.

Não é uma questão local, regional, nacional, muito menos pontual, irrelevante e rara, é sim, uma questão internacional, frequente e aterrorizante, pelo menos para mim, e penso que, se não é para você, tenho permissão de crer que concorda ou no mínimo ignora as cenas animalescas de selvageria, típicas de guerra campal, salvaguardadas pelo status de “Torcida Organizada”, e, endossadas pelo brasão do seu “Time Preferido”, brasões erguidos em bandeiras com gritos marginais, tal qual se ergue um estandarte antes do combate na guerra - consequentemente não vemos  uma partida de esporte, mas vemos jogos mortais.

São organizadas? Sim! Mas não são torcidas, são quadrilhas infiltradas em grupos disformes chamados de torcida, que na verdade estão procurando repercussão com o carnaval e negócio rentável nas lojas de Shopping Center; são mais interesseiras que interessadas na alegria do esporte. Por isso, desde que o futebol adquiriu um caráter de culto idolátrico, eu não gosto mais de dar tanta importância para o que acontece do lado profissional deste esporte belo, porém, bilhonariamente obscuro.

Se Elias – personagem bíblico do Antigo Testamento – vivesse hoje, ao invés de ter que derrotar os 450 profetas de Baal, teria que derrotar o baal do século XXI, ou seja, o futebol, com seus mais de 450 milhões de sequazes pelo mundo. Ou você tem dúvida que o futebol hoje é considerado por muitos um “deus”, e as quadrilhas de assassinos infiltradas nas torcidas, são como o seu “Hezbollah” da bola, matando em nome de FuteBaal?

Claro que a violência não acontece apenas nas torcidas “mal” organizadas; acontecem dentro dos campos com jogadores invejosos e irresponsáveis que não conseguem equilibrar seus instintos de competição e golpeiam os que mais se destacam, aliás, golpes e ataques camufladamente supervalorizados pelas transmissoras, ao nomear uma partida esportiva de futebol, como confronto, duelo, combate, sem contar quando chamam o estádio de arena, como se estivéssemos na Grécia ou Roma Antiga diante dos gladiadores, no espetáculo sangrento que levava o povo ao êxtase alienante.

Aconteceu na Inglaterra com os Hooligans, depois os homens Turcos foram proibidos de ir ao estádio, concedendo espaço somente a mulheres e crianças, recentemente foi a vez do Egito com 74 mortos em uma única partida/batalha e Domingo passado foi mais uma vez a vez do Brasil com 2 mortos. Apenas alguns casos entre tantos outros, mas se eu continuar consumindo os produtos da bola calado, vou me sentir cúmplice senão um aliado, por investir na manutenção destes grupos que não torcem e sim trucidam de forma organizada. O que penso falei! Se não gostou reage (com palavras), se gostou, colabore.


22 de mar. de 2012

O automóvel evoluiu para bem imóvel


O automóvel, vulgo carro, é uma das mais importantes invenções humanas e sempre esteve no desejo das pessoas como um bem consideravelmente importante para a livre autonomia das famílias, pois ele une em si simultaneamente, praticidade, conforto e status. Só que de um tempo para cá as coisas mudaram e o glamour do carro se transformou em problema urbano, social e até mesmo de saúde pública. Ele não é o desejo número um das pessoas, pois não consegue vencer a casa própria e o plano de saúde e, diga-se de passagem, que plano de saúde está aqui elencado dado o massacre de vidas visto todos os dias na saúde pública, da qual todos querem fugir tão logo vislumbrem uma saída, porém, neste texto não é este o meu foco. Voltemos ao tema: apesar do automóvel não ser o primeiro em desejo popular – mas há quem diga que é – ele conserva sua carga de influência considerável nos sonhos de cada brasileiro e de suas respectivas famílias.

Dado os dados acima, o que é o carro hoje para quem o tem? Além de ter perdido sua característica de plena mobilidade, mesmo com os maiores avanços tecnológicos, “ele alcançou em horário de pico, a mesma média de velocidade das carroças, com uma diferença, agora, a poluição vai para o cima”. (adaptado de Joelmir Beting).

O carro é a raiz de todos os males do sócio-trânsito moderno, mesmo assim, provavelmente quem não tem é porque não pode comprar – salvo exceções de disposições em contrário devido a estilo de vida diferenciado. O carro é como a veste de lata das famílias, uma cápsula metálica do status humano, constituído o espectro da destruição do ar e, quando guiado por irresponsáveis, também destruidor de muitas vidas. O carro hoje revela também os íntimos dos corações que vivem no anonimato atrás de seus vidros escuros filmados, e através do interrelacionamento de suas armaduras possantes, manifestam a intolerância em relação ao outro. É fácil ver esta intolerância ao chegar em um cruzamento movimentado, onde a preferencial não é sua, e ter que esperar muito tempo até que os carros parem, pois não há (salvo raríssimas exceções) uma boa alma que te conceda a passagem, ou quando você pede para mudar de faixa sinalizando com a seta, e o outro motorista, ao invés de conceder a permissão, acelera. Mas veja bem, mudar de faixa se você conseguir romper o cinturão de motociclistas que se autoutorgaram o direito de não dar direito a mais ninguém. Se você é motorista exclusivamente de carro, como eu, deve estar  ironicamente contente com minha crítica aos motociclistas, mas lembre-se, o seu carro unido aos outros, são como um corredor polonês para os frágeis "motoboys and girls". Na verdade nós configuramos o atual modelo de trânsito como uma válvula de escape do nosso incontrolável sentimento de disputa e competição, canalizando tudo para uma disputa constante nas ruas, corroborada pela potência de arranque dos motores ou pelo tamanho do carro de guerra que conduzo.

Ninguém poderá negar, o império no trânsito ainda é dos carros, precisamente dos automóveis, pois raramente uma moto ao bater em um carro causa vítima, a não ser o próprio motoqueiro, também as recentes mudanças na lei para criar uma zona de restrição aos veículos pesados, provam que todas as medidas tomadas para atenuar o caos no trânsito, são na verdade uma concessão de privilégios aos veículos pequenos, quase sempre circulando com apenas uma pessoa, assim como eu no meu. Haverá quem negue este privilégio alegando ser o rodízio uma restrição, mas convenhamos, está tão fácil adquirir um carro zero, que não me espantaria se algum dia ficasse comprovado, que as promoções de financiamento facilitado são na verdade, uma estratégia para vender o segundo carro a você e fazer com que a escolha de um outro final de placa, permita sua circulação, mesmo no dia que o rodízio privaria seu veículo de andar pela cidade. E para expandir um pouco mais esta provocação, pode ser também que o rodízio foi criado como uma estratégia para levar você à compra do segundo carro - já pensou nisso? Automóvel ou autoimóvel do caos?



8 de mar. de 2012

08/03 - Dia Internacional da Mulher que você é!



Confesso! Sempre quis trazer ao conhecimento de todos estas palavras, que há muito tempo se organizam em forma de texto dentro de mim. Desta vez, nada de trocadilhos, clichês ou qualquer outra tentativa irônica/crítica/cômica  de estimular a leitura (talvez nem mesmo controvérsias...), pois a mulher é sempre bela em si mesma; não precisa de auxílios retóricos para evidenciar seu valor, e sua dignidade, quando reconhecida, tem força própria! Felizmente, nas últimas décadas o mundo parece dar sinais de rumar no caminho da valorização feminina, graças ao extenuante, porém nunca fraco ou desanimado fervor feminino. Mesmo tardiamente, o mundo decidiu escolher uma face mais bonita, e, não obstante as diferenças ainda patentes em questão de igualdade salarial, reconhecimento de capacidade, confiança em sua indiscutível habilidade, Ela, ou melhor, todas Elas, seguem numa harmonia crescente de conquistas e superações comprovadamente impressionantes. Óbvio, muito ainda precisa ser feito para extinguir de uma vez por todas a, infelizmente sempre presente, violência contra a mulher em todos os gêneros, números e graus, mas neste ensaio de elogio à mulher, pretendo focar mais nos inalienáveis valores intrínsecos delas, que nos repetitivos relatos desagradáveis sobre elas (que as envolvem).

O ponto principal é a beleza interior e sinceramente, não acredito em um padrão estético que possa definir o que é a beleza feminina, ou o que deve ser a beleza feminina, por isso eu afirmo: antes de tudo e sobremaneira, a beleza feminina está em ser mulher com as suas – felizes – diferenças em relação ao homem! Não vejo nenhuma possibilidade de um homem se apaixonar por uma mulher se ela não for exatamente como é. Sendo todas igualmente mulheres, são completamente diferentes umas das outras, mais evoluídas e dinâmicas do que o milenar, atrasado e conservador terno e gravata masculinos.

Bela em si mesma merece ser valorizada primordialmente por isso, não necessariamente submissa às propostas ou estereótipos impostos pelo padrão de beleza estabelecido nas passarelas da moda internacional. Objetivamente, não se pode falar de beleza sem considerar as diferenças e a intimidade de cada mulher em sua integridade, ou seja, a pessoa é vista em seu corpo e em sua essência interior, onde estão escondidos todos os seus reais valores. Ao entender a mulher nestes termos, percebemos que na verdade, a beleza está sempre escondida na distância das diferenças, inclusive as diferenças estéticas, portanto, a proximidade do padrão, vai esgotando a essência do belo.

Acredito também, que a beleza e o valor da mulher estão em ensinar o homem como amá-la, sempre exigindo uma forma de conquista diferente daquela planejada, mas que quando correspondida, será para sempre lembrada.  É mais ou menos assim: a mulher moderna não exige que o homem abra a porta do carro para ela, mas se ele o fizer, ela não esquecerá jamais – isto serve para outras coisas do cotidiano de um relacionamento com as mulheres e não significa tirar delas a possibilidade e capacidade de fazer, mas denota o carinho merecido por tanta beleza concedida aos nossos olhos. Está certo que as vezes passamos anos para aprender uma forma de amar aquela mulher específica pela qual nos apaixonamos, e quando conseguimos, ela quer de outro jeito. Tudo bem, como o amor supõe duração bem maior que a paixão, seguimos "de começo em começo por começos que não tem fim". (Gregório de Nissa)

Não veja somente corpos, mas veja mães, esposas, irmãs e filhas, todas lindas mulheres.

Beleza única e incomparável, sem constrangimento e sem discriminações - não há um padrão de beleza estabelecido, a beleza é ser mulher, a mulher que você é!

Parabéns!

26 de fev. de 2012

A coisa ficou preta, me deu branco!


A última escola campeã encerrou o seu desfile, o último bloco de rua se recolheu e mesmo que os trios elétricos da Bahia não parem, o Carnaval acabou e eu me dei conta que o ano começou, mas pior, ou melhor do que isso, percebi que já estava nos dias de outro texto para o blog, respirei fundo, olhei à minha volta e...não encontrei nada que me inspirasse - nossa a coisa ficou preta, deu branco geral. Fiz uma tentativa de reproduzir o efeito pedra na lagoa; sabe quando jogamos uma pedra na água e ela propaga círculos concêntricos, que em forma de ondas abrangem cada vez mais espaço no dinâmico movimento crescente de seus diâmetros? Foi assim que pensei, pen..sei, pen...sei e disse comigo mesmo, já sei! 

Vou escrever sobre a “opinião” – mas como escrever sobre a opinião, se a opinião é um modo pessoal de ver as coisas? Aliás, ela é uma forma tão individual de expressão, que é melhor respeitá-las todas, do que se aventurar em comentá-las, como se fosse um jogo de erros ou acertos. Apesar das opiniões poderem ser rebatidas, discutidas, promovidas e além de criarem referencias para a formação da opinião pública, ainda penso que é melhor enxergar a opinião de cada um, como uma parte integrante da pessoa e, respeitando a tal opinião alheia, promover também a liberdade plena de expressão a todos, pois, valorizando a voz do outro salvaguardo a retribuição do respeito quando eu emitir a minha própria opinião. Não vai dar pra falar de opinião não; só tenho a minha, quase sempre ela só serve pra mim, e se eu falar das outras, vou me sentir um juiz...

...vou escrever sobre a “política” – sobre a falência deste atual sistema de governo, incapaz de funcionar a nosso favor; mas isso todo mundo já sabe! Mesmo que eu insista em falar a respeito, quem vou sugerir para ocupar o lugar dos desagradáveis de agora? Não quero me contagiar com essa peste chamada partido, em nenhuma de suas várias mutações e siglas virulentas. Se o Governo e a tal base governista quer alguma coisa, mesmo que minimamente a nosso favor – o que é raro – a oposição barra, antevendo a força publicitária deste bem, contra eles  no futuro, e vice-versa. A rede, neste caso, de esgoto, flui assim: este cara erra aquele não pune, o outro se cala porque já foi beneficiado pelo primeiro que ajudou o segundo a chegar no cargo, e que futuramente ameaça fazer aliança com a oposição, então, é melhor tê-lo a meu lado do que do outro, seguem pondo panos quentes e indignando o povo, infelizmente ainda estático. Ah..., mas o "barrigudinho" de Sampa (o Prefeito) fundou um partido de centro! Verdade, porém, se todos os outros são como esgoto a céu aberto, penso que esta ideia de não direita nem esquerda, vai funcionar como ralo, ou seja, tudo que não serve mais pra nada entra nele, e nós pelo cano – esta é apenas uma forma mais profunda/subterrânea de ver o sistema. Definitivamente não dá pra falar de política, eu não entendo nada de Estação de Tratamento de Esgoto...

...útima tentativa, vou escrever sobre a “discriminação” – só que quando eu penso em discriminação, interpreto no sentido de preconceito e intolerância, mas observei que o preconceito é inerente à pessoa humana. Não vem com essa conversa de: “não tenho preconceito”; porque de uma ou outra coisa, e/ou pessoa, você tem! Isso é fruto da mania universal de generalizar tudo e todos; os raciocínios funcionam mais ou menos desta forma: todo homossexual é pervertido, todo muçulmano é terrorista, todo cristão é alienado, todo católico é pedófilo, todo homem é machista, toda mulher é submissa, todo “intelectual descolado” não tem preconceito – piada – experimenta falar pra ele sobre algum dogma religioso, e etc. Já sei o que vão me dizer: eu generalizei no parágrafo de cima e indiretamente afirmei: nenhum político presta! Portanto, discriminei a classe política. Se diante da frieza com que encaram os problemas sociais e a mortalidade diária de pessoas vitimadas pela inércia Estatal, você me convencer que eles fazem parte da raça humana, eu volto atrás (ironia com exagero – será? – leia neste link 2º parágrafo). Tem outra coisa, vejo muita gente combatendo o preconceito, mas discriminando quem não tem a mesma opção; muito engraçado promover a liberdade de um grupo ridicularizando o outro, às vezes até utilizando as mesmas estratégias que condenam. Parece mais uma guerra irracional que uma discussão consciente para promover a tolerância, a qual prefiro chamar de: paz na convivência harmoniosa das diferenças - e afirmo ser possível. Quanto à violência, fora os que a praticam, todos são contra, mas se ninguém é punido, o problema é outro. Sem contar que no Brasil, se você falar algo sensato, tem que passar o resto da vida pedindo desculpas, ao passo que quando fala "merda", quase sempre vira hit. Porém, o sensato dito sem respeito é pior que agressão física.

Eita! Acabou o espaço e ainda não tenho o texto, bom, acho que vou ficar dentro mim mesmo com este branco, porque quando olho lá pra fora, a coisa ta preta - e olha que eu não sou flor que se cheira!

Colaboração e inspiração do tema - Fernando Nogueira  - para freela veja portfólio.


16 de fev. de 2012

Carnaval de enredo errado – onde foi que erramos?

Mais um ano que o Brasil desfila para o mundo no ritmo dos enredos junto com todos os brasileiros, ou melhor, quase todos. O carnaval é a maior festa popular do planeta e nela, festejamos a cultura e a alegria do povo através da arte, dança e muita música; existem outras coisas misturadas aí no meio, mas eu comentarei no decorrer do texto. O carnaval é sim, uma face da identidade cultural do país, apesar de muitos não gostarem, nem de longe, da apoteótica afirmação: Brasil, país do Carnaval! Porém, é inegável que nele esteja contido e preservado – em alguns momentos penso que esteja deteriorado – um patrimônio de tradição, cultura, folclore, história, arte, música entre outros aspectos sócio-euro-afro-brasileiros. E se esta festa internacional é algo assim tão bom, que reúne milhões de pessoas do mundo inteiro nas avenidas e salões, para festejar, cantar, dançar, pular e etc (este "etc" nunca esteve tão carregado de malícia e duplo sentido), então, o que há de errado com o carnaval? Nada!

Definitivamente o erro não está no carnaval em si, seja no salão ou na avenida, regado ao que quer que seja, pois os foliões são todos de maior e cidadãos livres em um país democrático – pelo menos teoricamente. Afinal, mesmo os contrários à festa, e mesmo os mais conservadores, têm seus dias de devaneio, ainda que depois escondam seus desvarios por de trás da máscara social do politicamente correto. Entendam, não existe mal no carnaval, só porque é uma festa popular de adesão em massa. Os que se irritam com isso é porque não conseguiram a mesma adesão em seus empreendimentos. O verdadeiro perigo é que a maioria não consiga, depois que ele acabar, diferenciar a ornamentada farra foliônica e as fantasias alegóricas, da realidade cotidiana. 

Seduzidos pelo enredo, acabam por viver errado o ano inteiro, sem considerar os quesitos que constituem uma nação campeã, ou seja, o povo deve estar na comissão de frente do país e não os políticos (preste atenção na próxima eleição); isto levará à evolução de seus valores, se também agirem todos em conjunto e harmonia a exemplo de uma bateria. Do contrário, o samba enredo da vida não será animado como o casal de mestre sala e porta bandeira, viverão de alegoria e adereços, tudo será fantasia.

Antigamente ainda tínhamos as marchinhas carregadas de expressões populares urbanas, críticas e até de protesto para ajudar, mas infelizmente e forçadamente, as marchinhas cederam lugar aos exércitos alegóricos de carros tecnológicos e enredos encomendados, fazendo marketing pessoal ou propagandas patrocinadas, por vezes eleitoreiras (eu confesso: ganho dinheiro com publicidade). Sem falar do erotismo explorado e posteriormente repercutido em dados estatísticos de violência contra a mulher. Posso até estar exagerando, no entanto, julgue você mesmo: será que se a mulher fosse evidenciada de outra forma, estas agremiações, constituídas verdadeiros formadores globais de opinião, não conseguiriam transmitir que a mulher brasileira é mais do que carne e sedução? 

Penso sinceramente que enquanto as escolas de samba não se tornarem escolas de consciência (moinhos de protesto), o povo não sairá para defender os seus direitos (mais ou menos como escrevi no primeiro parágrafo do texto: Um povo submerso e soterrado). Esta é a constatação, ao comparar a capacidade de mobilização do povo brasileiro em aglomerações, formadas nos eventos característicos da cultura do nosso país, com os protestos e manifestações de interesse público/político/social. Não é sóbria, a nação que esbraveja nas conversas dos corredores, elevadores, bares e restaurantes, indignada com a situação política e estrutural do país, deixando, no final das contas, tudo por isso mesmo. Deve existir na história, algo que comprove o momento da aplicação de um entorpecente na massa, ocasionando estas consequências crônicas – não me espantaria se nos próximos dias, encontrássemos indícios sintomáticos deste alucinógeno alienante por aqui e por ali, sem generalizar.

Curtam a festa, eu também vou, mas depois da passarela vamos desmascarar este país! Aliás, convenhamos, no Brasil, o ano só começa depois do carnaval.


13 de fev. de 2012

Natureza dos fatos – eco da lógica

Porque foi que o mundo ficou por um fio? Certamente o motivo está longe de ser ecológico, como muitos querem fazer crer, o verdadeiro mal do mundo é a ausência do senso de pertença ao planeta, falta de senso de pertença social – pertença de um ao outro. Você já viu alguém cuidar de alguma coisa que ele não considera sua, ou pelo menos, importante para si e para os seus? Nem eu! Por isso, entendo que o ser humano não pode ser um elemento secundário neste processo de "salvação do planeta", enquanto todos os outros elementos são super valorizados. Não há dúvida que na natureza dos fatos, existe uma proporção inversa/injusta de valores: de um lado e privilegiada, a excessiva exaltação dos animais e natureza (meio ambiente ecológico), do outro, e inferiorizada, a preocupação com a edificação da pessoa no meio ambiente em que vive e sua relação com a natureza (meio ambiente total). É preciso sim uma ação eco-lógica, mas que ecoe a lógica do ser humano como único capaz de reverter a natureza dos fatos.

Eu entendo o nobre objetivo de proteger o planeta e sua natureza, mas questiono o fato de não focarmos o discurso na soberana valorização da natureza humana. O atual discurso é sempre pejorativo, por exemplo: você não está fazendo direito; você está sufocando o planeta; você destruiu o planeta; você maltrata a natureza; enfim, você é o mal do mundo! E assim tão bem mal falado, quem vai se sentir motivado e entusiasmado a sustentar a sustentabilidade de seu habitat? Ninguém!

Sem o “eco” deste raciocínio, não há “lógica” ecológica!

Por assim dizer, é natural que ecoe a lógica da valorização da natureza humana; tanto como espécie a ser preservada, quanto artífice principal da preservação de tudo e de todos. Em certo sentido, há de se ter em vista, sobretudo, uma “ecologia humana” que evolua para “ecologia cultural”, ou seja, o desenvolvimento do “ser” humano, para uma boa relação com os demais “seres”, no meio ambiente.

Não é inteligente levar pessoas à autocondenação para conscientizar, por isso, quem sabe os psicólogos possam ajudar os ambientalistas desavisados a entender que é valorizando a pessoa que se cria autoestima, aliás, necessária em ações inteligentes desta natureza. Também não é muito coerente perceber a maioria dos “salvadores planetários”, se utilizando das maravilhosas ferramentas criadas pelos homens – sem as quais, sequer o trabalho ambientalista seria possível – e simultaneamente pixar estes mesmos homens como monstros destruidores. Tais supostos eco-messias, escovam os dentes com a torneira aberta e deixam escorrer sua credibilidade, culpando seus potenciais aliados.

Está certo que fizemos muito mal ao planeta e quase nada para reparar isto, portanto, vamos levar as pessoas a sustentar que é possível fazer mais. Existem sim, opiniões divididas sobre o assunto: uns acreditam positivamente que é possível mudar e influenciar para que todos mudem, outros preferem desistir antes de ingressar no desafio – que se vencido – significará a garantia de tranquilidade para os que virão depois de nós. Pensar que o pouco que fizermos de bom, em nada irá colaborar com o bem do planeta, é ignorar que o pouco que não fizemos até agora, foi a causa responsável pelo estado em que ele se encontra, no entanto, não é preciso colocar a natureza humana, sob a natureza, como se fosse uma sub-natureza e sim, elevar a natureza humana à dignidade de in natura, neutralizando o outro extremo, também nocivo, de que o ser humano está sobre a natureza, só assim, haverá harmonia na natureza dos fatos como eco da lógica.