Natal significa nascimento. Obvio! Mas nascimento de quem?
O Menino Jesus nasceu no dia de hoje. E um pouquinho dessa história
todo mundo sabe, ou pelo menos lembra vagamente de palavras associadas a este
nascimento, como: manjedoura, anjos, estrela guia e reis magos. Ele não
entregava presente porque nasceu pobre, de família pobre e numa estribaria
paupérrima emprestada, porém, recebeu os melhores presentes que se poderia dar
a alguém naquela época (ouro, incenso e mirra de três magos, não do Noel).
Então, todos que preservam o natalício do Menino Jesus, decidiram determinar
uma data específica para comemoração, porque verdade seja dita, ele não deve
ter nascido no dia 25 de dezembro, mas este foi o dia que o povo eclesiástico
cristão convencionou comemorá-lo.
No outro extremo, com conceito comemorativo iniciado muito,
muito tempo depois, vem o Bom Velhinho, mais popularmente conhecido como Papai
Noel e em torno do qual, também gira uma considerável quantidade de explicações
possíveis para o seu surgimento – não nascimento – dizem que surgiu da história
de São Nicolau “popubanalizada”, outros dizem ser obra da Coca-Cola, e alguns
ainda, como eu, dizem ter sido esta segunda que estilizou a figura do primeiro.
Outra coisa bem perceptível é que em torno do velhinho gira uma considerável
quantia em dinheiro. Diferentemente do “menino” nascido, o bom “velho”
inventado é o oposto extremo daquele; não recebe, mas entrega presentes, não é
visitado, visita seus adeptos e ao invés de ter nascido pobre e recebido
glória, surgiu rico (presente custa dinheiro) e curiosamente terminou, na sempre suja chaminé.
Durante o curso do tempo, na tentativa de mesclar ambos os
conceitos opostos na história, presenciamos verdadeiras aberrações, tentativas
precipitadas de sincretismo e até conflitos entre os grupos de interesse de um
e de outro. Como o mundo é o que é, e o dinheiro significa o que sabemos que
significa, não sobrou muito espaço para o menino pobre neste tempo, ao pa$$o
que , para o Papai do trenó encantado, todo espaço e atenção, inclusive dos
defensores do pobrezinho dono da festa. No fim das contas, ou melhor, da
comparação, podemos concluir: a única realidade em comum entre estes
personagens, que o mundo faz esforço “antifísico” para que ocupem o mesmo lugar
no espaço de 24h do dia 25 de dezembro, são os presentes. Presentes envolventes, envolvidos por papel e sentimentos, que recebemos e entregamos, assim nos
assemelhando aos dois extremos de um Feliz Natal contemporâneo. Não?
Apesar de acreditar que ambos os estilos natalinos possam
conviver em harmonia, existe uma música antiga que retrata bem o paradoxal conflito (1997):
Papai Noel Velho Batuta
Garotos Podres
Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Pobres, pobres
Mas nós vamos sequestrá-lo
E vamos matá-lo
E vamos matá-lo
Por quê?
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Por quê?
Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugiro que você coloque o seu nome para eventuais respostas de comentários.